Ministro da Fazenda não fala sobre câmbio e juros. Age
Dois preços básicos da economia – a taxa de câmbio e a taxa de juros – não podem ser influenciados por declarações inconsequentes de autoridades, menos ainda do ministro da Fazenda. Ou o governo tem medidas a anunciar ou fica calado. Se ameaçar tomar medidas e não adotá-las, o ministro perde credibilidade. Pior, pode provocar movimentos especulativos e produzir ganhos para uns poucos, em detrimento de muitos.
Pois foi exatamente o que fez ontem o ministro Guido Mantega. Falou sem ter o que anunciar. Começou com o incrível anúncio, por sua assessoria, de que daria um entrevista para falar de câmbio. Não me recordo de ter visto algo parecido na história do Ministério da Fazenda. Antes de começar a falar platitudes sobre o assunto, a taxa de câmbio já tinha subido 1%. Antes de terminar sua entrevista, quando já estava claro que nada anunciaria, o câmbio se valorizou 0,8%. Quem apostou que a entrevista seria um blá-blá-blá, ganhou uma boa nota.
Não é assim que deveria funcionar. Ao falar à toa o ministro da Fazenda provoca volatilidade no mercado cambial, promove a transferência de renda entre agentes do mercado e se desmoraliza. Melhor seria ficar calado ou falar apenas quando tivesse que anunciar alguma coisa. Mesmo que provocado pela imprensa, deveria furtar-se de comentar sobre câmbio e juros.