Expectativas sobre governo Dilma podem ser problema futuro
Os brasileiros estão otimistas em relação ao governo Dilma. Segundo o Datafolha, 83% esperam que ela faça um governo igual ou melhor do que o de Lula. O futuro período será ótimo ou bom para 73%, nível superior a todos os observados no início de outros governos, exceto o que começou em 2003 (76% acreditavam que Lula faria um bom governo).
Dilma precisa encontrar formas de desinflar essas expectativas, pois dificilmente elas serão correspondidas. Seu governo não contará com o ambiente externo favorável que prevaleceu entre 2003 e 2008, o qual beneficiou tremendamente o Brasil. A demanda de commodities por parte da China nos deu inéditos ganhos nos termos de troca no comércio mundial. Lula se beneficiou dos efeitos retardados das reformas de FHC. Dilma, ao contrário, viverá anos influenciados pela ausência de reformas de Lula e pelas prováveis ineficiências derivadas do aparelhamento do Estado por militantes petistas e por afilhados políticos de outros partidos. Isso leva tempo para produzir más consequências.
É verdade que Dilma se beneficiará do ciclo de investimentos em curso e daqueles associados à Copa do Mundo e às Olimpíadas. Mas isso não lhe dará as condições de igualar ou superar os anos Lula. Corre, além disso, o risco de aventuras macroeconômicas, a julgar pelos rumores de que a política monetária será executada em sintonia com o Ministério da Fazenda, o que apontaria para um desastre. Pode não ser verdade. Palocci na Casa Civil pode bloquear o experimentalismo inconsequente. Mesmo assim, na melhor das hipóteses fica como está. E o que está não é bom, particularmente na área fiscal.