Por que Palocci será peça chave no governo Dilma
A escolha de Antonio Palocci para ministro-chefe da Casa Civil é uma boa notícia. Mesmo que se diga o contrário, ele será o mais poderoso ministro do governo Dilma. O poder de quem ocupa a posição deriva de duas circunstâncias. Primeira, passam pela Casa Civil todos os atos que requeiram a aprovação do presidente da República. Mesmo que um ministro obtenha a assinatura presidencial em ato de governo, seu encaminhamento ao Diário Oficla depende da Casa Civil. Assim, o titular da pasta é um filtro natural, que o guinda normalmente à condição de coordenador das ações institucionais mais importantes. Em segundo lugar, o chefe da Casa Civil estará a apenas um andar de distância da presidente. Terá mais de uma reunião diária com ela. A capacidade de influência, para o bem ou para o mal, é inequívoca. Dependerá apenas do ministro o grau de sua exposição à mídia. Mesmo que não o faça, será percebido como poderoso.
Palocci é um dos mais sensatos petistas e o que mais conhece economia. Poderá ter papel importante na neutralização das pressões que virão do Ministério da Fazenda contra a ação do Banco Central. Foi ele quem conseguiu, no inicio do primeiro mandato de Lula, submergir as críticas do diretório nacional do PT, sempre que este aprovava moções contra a política monetária. Poderá influenciar positivamente o governo na questão das reformas, particularmente das chamadas “reformas microeconômicas”.
Não acredite nessa história de “desidratar” a Casa Civil para diminuir seu status. O errado foi dar funções executivas à pasta, como a coordenação do PAC. A Casa Civil não tem estrutura para exercer funções executivas, nem jamais foi o seu papel. Isso aconteceu como parte da estratégia de Lula de dar visibilidade a Dilma. A eliminação dessas funções, se acontecer, liberará Palocci para atuar como deve, inclusive nas articulações intragoverno, com o Congresso e com o empresariado, no qual tem trânsito e credibilidade.