Lula e o caos aéreo: a inversão da lógica
Ninguém pode ter dúvida. O presidente Lula tem uma capacidade inacreditável de transformar o passado em fracasso e seu próprio fracasso em sucesso. Ao responder a uma pergunta sobre o mau funcionamento dos aeroportos, ele comemorou a confusão nos terminais em vez de desculpar-se ou prometer solução. Para ele, é melhor que os aeroportos estejam congestionados, sem atender bem os seus usuários do que quando estavam vazios e os aviões também partiam vazios. À parte o exagero, só faltou dizer que a culpa é dos governos anteriores, principalmente o de FHC.
Lula inverte a lógica para dar a entender que o caos deve ser festejado, pois decorreria do crescimento da economia, que ele produziu (o Brasil teria ficado parado desde Pedro Álvares Cabral!). Na verdade, a situação dos aeroportos seria outra caso nos seus oito anos de governo ele tivesse recorrido a ações ousadas. Sequer precisaria privatizar, como fazem com sucesso outros países, já que o PT abomina a palavra, mas tão-somente dotar a Infraero de dirigentes qualificados e gastar menos em despesas correntes (o que abriria espaço no Orçamento para novos investimentos, inclusive na infraestrutura aeroportuária).
A China tem crescido mais do que o Brasil. Nos anos Lula, o tráfico de passageiros cresceu a um ritmo muito superior ao do Brasil. E mesmo assim não se vê caos aéreo por lá. Quem visitou Beijing e Xangai, mesmo antes das Olimpíadas, encontrou amplos, bonitos e confortáveis aeroportos, com serviços impecáveis. Aeroportos congestinados não são para celebrar, mas para lamentar. A incompetência e o viés ideológico do governo é que explicam o problema. O crescimento deve ser comemorado, mas não servir de álibi para a inépcia. É por isso que o presidente da IATA, a Associação Internacional de Transporte Aéreo , Giovanni Bisignani, disse que “a infraestrutura de transporte aéreo (do Brasil) é um desastre de proporções crescentes”. E quando vier a Copa? E as Olimpíadas?