Conselhão: mais espuma do que animação da economia

Fala-se que Dilma vai reativar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), conhecido como Conselhão. O objetivo seria restabelecer o diálogo com a sociedade e buscar saídas para a crise. A presidente teria convidado pessoas de destaque – banqueiros, empresários, executivos e líderes sindicais – para integrar o CDES.
O Conselhão foi criado por Lula em 2003, no seu primeiro mandato. Chegou-se a falar, na época, em colher sugestões para negociar um pacto social nos moldes dos Pactos de Moncloa, que permitiram à Espanha enfrentar a crise do fim dos anos 1970 e completar a transição para a democracia.
Na realidade, o Conselhão tornou-se palco para o marketing político e para gerar a impressão de que o setor privado contribuía para formular propostas para resolver problemas do país.
O CDES se inspirou nos pactos sociais europeus posteriores à Segunda Guerra, que de fato contribuíram para lidar com os desafios da integração econômica. Acontece que eles refletiam condições sociais, culturais e institucionais inexistentes no Brasil. Ocorreram em sociedades caracterizadas por estruturas que asseguravam efetiva representatividade aos participantes e aceitação de suas cláusulas pelos representados.
A reativação do Conselhão vai gerar notícia. Será local para discursos oficiais que prometem uma inviável recuperação da economia no curto prazo. Dificilmente mudará para melhor as expectativas. Animar a economia depende mais de ações que restaurem a confiança de empresários e consumidores do que de aplausos e oportunidades para fotografias. Não veremos ideias com chances de se tornar realidade.

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