Por que petistas do governo falam de juros

Segundo o Estadão de hoje, o secretário de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, foi categórico: “vamos ter mais uma reunião do Copom, na qual vamos ter uma queda, moderada, mas vamos ter uma queda”. A presidente Dilma, que está na Alemanha, desautorizou o secretário. “Quem fala sobre juros no meu governo é o Banco Central. Nem eu nem ninguém no meu governo tem autorização para falar sobre juros”, sentenciou.

Na verdade, a própria presidente falou de juros mais de uma vez. Ministros já se pronunciaram sobre o assunto: Fernando Pimentel, Gilberto Carvalho e Guido Mantega. Isso não acontecia no governo Lula. A explicação está, a meu ver, na percepção de que o Banco Central, politicamente fraco, se subordina aos designios do governo. No período Lula, o presidente do BC, Henrique Meirelles, era mais respeitado. Além de sua autoridade pessoal, se notava que Lula o prestigiava e apoiava a ação do BC.

Os petistas que chegaram ao governo em 2003, à exceção de Antonio Palocci, eram contumazes críticos da política monetária. Tiveram que se conformar em ver o PT fazer o mesmo que eles condenavam, sem reconhecer a contribuição do BC para a credibilidade do governo e para o crescimento do período. Agora, sentem-se à vontade para sair da toca.

A presidente fez bem em desautorizar Garcia, mas enquanto persistir a percepção de fraqueza política do BC não será surpresa se novas manifestações surgirem sobre os juros. O que poderia por fim a esse ambiente seria uma ação mais drástica, como a demissão de loquazes ministros.

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