Economia mundial: turbulências à vista

A economia mundial corre o risco de novas turbulências. A crise mudou de natureza. Era financeira e agora é de crescimento. Menos grave, mas não menos preocupante. O desequilíbrio macroeconômico mundial persiste. Sua origem básica está na política cambial chinesa e no endividamento excessivo das famílias nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos como Reino Unido, propiciado por má regulação bancária e por alavancagem irresponsável de instituições financeiras. Ainda não é uma “guerra cambial”, mas pode chegar lá.

A ação dos países ricos para debelar a crise financeira resultou em excessivo endividamento, que em alguns casos já beira ao risco de insolvência, como se teme venha a ocorrer com a Irlanda. Na Grécia, que teve de ser resgatada por um forte pacote de ajuda financeira, a causa foi a euforia de consumo e o endividamento permitidos pela queda da taxa de juros, em decorrência de sua adesão ao euro.

Longos períodos de estagnação ou baixo crescimento, como periga ser o caso nos países desenvolvidos, costumam originar ações populistas, em resposta a demandas de solução fácil para o problema do desemprego e da piora das condições sociais. Medidas inconsequentes para contentar os eleitores podem ter efeitos colaterais como o de exportar a crise para outros países e provocar retaliações. Foi por aí que se formou a guerra comercial dos anos 1930, um dos fatores de agravamento da Grande Depressão.  Neste momento, uma fonte adicional de preocupação advém da ausência de lideranças com capacidade de coordenar ações para evitar que o mundo deslize para o pior. A reunião do G20 em Seul foi uma prova desse vazio.

A nova presidente do Brasil pode tomar posse sob o desafio de enfrentar um quadro internacional profundamente distinto daquele que caracterizou a quase totalidade dos dois períodos de governo de seu padrinho político. Oxalá se encontre uma saída para evitar o pior no mundo rico e a nova chefe do nosso governo tenha a capacidade de não se deixar levar por medidas insensatas para lidar com a eventual crise e atalhos para o crescimento, que costumam dar errado. Seria suicídio político.

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