No salário mínimo, o papelão da oposição

Quem diria? A oposição ao governo Lula agiu como a oposição de Lula quando o PSDB e o PFL formavam a aliança governante dos tempos de FHC. Oportunismo puro. Demagogia inequívoca. Quem ficou do lado da austeridade, da preocupação com o futuro, foi justamente Dilma Roussef, ao não transigir sobre o valor do salário mínimo proposto, de R$ 545,00. Enquanto isso, o PSDB insistiu no valor de R$ 600,00, anunciado por Serra durante a campanha eleitoral, em uma tentativa populista, extremada e mal sucedida de angariar votos entre os pobres e aposentados. E o PFL se uniu ao peleguismo dos tempos de Lula, a Força Sindical, para secundar a demanda de Paulinho por um mínimo maior. Que decepção! O patético foi ouvir o líder do PSDB justificando os R$ 600,00 com o aumento da arrecadação do INSS. Mesmo que fosse o caso, esse aumento deveria servir para minimizar o grave déficit de caixa da Previdência.

De 1994 para cá, o salário mínimo subiu mais de 120% acima da inflação e agravou a situação da Previdência. Nesse período, tais gastos cresceram perto de 3% do PIB. Nenhum sistema previdênciário agüenta esse impacto sem sofrer sérios desequilíbrios. Os aumentos reais do mínimo não seriam tão graves se seu valor fosse desvinculado do piso previdenciário. Como está, o mínimo reajusta dois de cada três benefícios e afeta 40% dos gastos previdenciários. Com a desvinculação, seus efeitos, quando houvesse, seriam no mercado de trabalho, provocando desemprego. Menos mal.

No início dessa trajetória fiscalmente suicida, havia certa justificativa para os ganhos reais do mínimo, inclusive por seu papel na redução dos níveis de probreza. Não é mais o caso. Os reajustes do mínimo beneficiam hoje essencialmente aposentados, pensionistas e servidores públicos dos Estados e municípios. Aumentos reais do salário mínimo têm, pois, influência diminuta na redução da pobreza. Quase ninguém desses grupos pertencem a famílias pobres.

Como que cara o PSDB e o DEM irão às urnas de 2014? Como manter o voto dos que acreditavam na responsabilidade de seus líderes? Irão para a disputa presidencial como a roupagem do velho populismo ou buscarão restaurar os valores que permeavam o governo de FHC? No mínimo, já decepcionaram legiões de fieis eleitores.

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