As promessas econômicas para 2011 não fecham

Agora é internacional. O Brasil ganhou destaque pela má condução fiscal. O FMI divulgou ontem o seu periódico relatório sobre a situação fiscal no mundo, no qual alertou para a “brusca” piora do quadro fiscal brasileiro, em especial nos dois últimos anos do governo Lula. Em Davos, um concorrido seminário sobre a América Latina louvou a nova e auspiciosa realidade da região, onde 90% aprenderam os valores da gestão macroeconômica responsável. A preocupação residiu na trajetoria fiscal brasileira.

À exceção de alguns renitentes, incluindo gente do Ministério da Fazenda, é consensual a percepção de que vivemos uma perigosa trajetória inflacionária. Quem é capaz de enxergar os sinais de risco está de acordo que é preciso um esforço fiscal para repor o superávit primário em nível responsável e complementar o Banco Central em sua missão de fazer a inflação convergir para a meta de 4,5% (está em 6% neste momento).

Acontece que até agora o governo não disse como vai fazer o ajuste. Os mais céticos começam a desacreditar, fundados numa incômoda realidade. Afinal, será possível que o mesmo ministro da Fazenda que permitiu a farra fiscal fará exatamente o contrário? É preciso dar ao ministro o benefício da dúvida. O problema é que não será fácil atingir a meta anunciada de 3,1% do PIB sem cortar investimentos do PAC ou recorrer a lamentáveis mágicas contábeis. Em favor dos céticos está a ausência de um plano coerente, transparente e crível sobre as medidas para viabilizar o cumprimento da meta de superávit primário.

Ontem, a presidente prometeu que a inflação vai continuar sob controle e que os investimeentos do PAC não serão desbastados. Antes de sair de férias, o ministro da Fazenda anunciou que o PIB vai crescer 5,5% em 2011. Não há como fechar essa conta. As promessas são incoerentes entre si. Uma ou mais delas vão ter que ser esquecidas.

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