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12 de jan de 2012 , 21h45

A reforma ministerial de Dilma tende a decepcionar

LISBOA, PORTUGAL, 14.03.2017 - DILMA-ROUSSEFF - A ex presidente do Brasil, Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa na Fundação José Saramago em Lisboa, após palestra sobre Neoliberalismo, desigualdade, democracia na cidade de Lisboa em Portugal nesta terça-feira, 14. (Foto: Libia Líbia Florentino/ Brazil Photo Press/Folhapress)

O governo criou uma expectativa exagerada sobre uma possível reforma ministerial, que aconteceria no começo deste ano. Gerou-se a percepção de que Dilma constituiria um ministério mais do seu jeito do que do de Lula, que teve indisfarçável influência na escolha de ministros e na manutenção de outros em seus postos. Os mais otimistas chegaram a pensar que haveria um enxugamento do número de pastas, hoje beirando aos exagerados 40 ministérios.

Acontece que reformas ministeriais costumam ser tarefa complexa no Brasil. É preciso conciliar distintas demandas, duas das quais estão sempre presentes, quais sejam a federativa e a política. A primeira implica levar em conta a origem estadual dos ministros, para evitar o desequilíbrios regionais (seria impensável um ministério sem paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos, nordestinos…). A segunda requer o atendimento de pressões dos partidos políticos por cargos. Nos governos do PT, esta última demanda se acentuou, seja por parte de sindicalistas ávidos por postos no governo, seja por líderes que enxergam o cargo ministerial como meio para nomear afilhados e para gerar recursos (nem sempre lícitos) para seus partidos.

Dilma tem três dificuldades adicionais para reformar o ministério; (1) não parecer que sua “nova” equipe é diferente da de Lula, seu padrinho político; (2) evitar descontentamentos na gorda base de apoio no Congresso, que compreende nada menos do que 14 partidos políticos. Cabe lembrar a declaração do senador Valdir Raupp, de que o PMDB está “subavaliado” no ministério, e o apoio ostensivo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, para segurar no cargo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, acusado de beneficiar excessivamente o seu Estado com verbas da pasta (90% do total); (3) não perder apoio de segmentos do empresariado que se sentem atendidos em suas demandas particulares de ser representados no ministério (uma característica adicional de nosso sistema político). Empresários já protestaram oficialmente contra a suposta extinção da Secretaria dos Portos, que tem status de ministério.

Como se vê, não vai dar para soltar foguetão quando a reforma ministerial for anunciada (se é que vai). Tudo indica que o ministério de Dilma não será distinto do atual, seja em tamanho, seja em qualidade.

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