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11 de ago de 2011 , 22h47

Recessão: a realidade e as promessas de Dilma

Ao falar ontem para empresários em São Paulo, a presidente Dilma afirmou que “nosso posicionamento diante da crise não é recessivo. Vamos preservar as nossas forças produtivas, os nossos empregos e a renda da população.

Trata-se de discurso de natureza política e impregnado de forte voluntarismo. Governos podem adotar medidas para evitar os efeitos recessivos de certos acontecimentos, mas não têm como garantir que a economia não seja por eles afetada. Há fatores fora do controle das autoridades, como é o caso de uma crise financeira nos países desenvolvidos. Contra uma retração grave do crédito dificilmente há remédios para blindar a economia nacional.

É o que ocorreu, por exemplo, na crise financeira de 2008. Embora tenha se saído melhor do que os países desenvolvidos, o Brasil viveu um ambiente recessivo no quarto trimestre de 2008 e no primeiro de 2009.

O pronunciamento da presidente está provavelmente influenciado pela visão predominante nos anos 1980 em grupos da esquerda, de segmentos do empresariado e de observadores, para os quais o objetivo da política econômica seria tão somente o de provocar a recessão. Coisa de malvados neoliberais. É como se a prescrição do remédio para curar uma doença tivesse por objetivo infligir sofrimento ao paciente e não restabelecer sua saúde. Medidas que provocam recessão costumam ser aquelas associadas a esforços de combate à inflação, cujo objetivo é restabelecer a estabilidade. A queda da atividade é decorrência e não objetivo da política econômica.

Como tenho assinalado neste espaço, dificilmente as atuais turbulências do mercado financeiro desaguarão em uma crise tão dramática quanto a de 2008. Assim, a promessa da presidente seria cumprida não por conta de medidas adicionais do governo, mas porque a economia não terá sido afetada de modo importante pela eventual gravidade do quadro externo.

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