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11 de dez de 2017 , 18h38

PSDB reformista: lenda ou realidade?

Alckmin defendeu a privatização, a reforma da Previdência e outras demandadas pelo credo liberal. (Fátima Meira/Futura Press/Folhapress)

A eleição do governador Geraldo Alckmin para presidir o PSDB pode dar rumos ao partido, unificá-lo e levá-lo de volta ao poder. A julgar pelo seu discurso na ocasião, ele pode resgatar a imagem percebida de um partido reformista. Alckmin defendeu a privatização, a reforma da Previdência e outras demandadas pelo credo liberal.

Muito vai depender da contribuição dos tucanos para formar uma coalizão de centro que nos livre da vitória de um populista em 2018 – Lula ou outro candidato do PT e Bolsonaro – ou de um candidato inexperiente, isto é, um novato no mundo político, o qual seria eleito por uma avassaladora demanda de renovação ética.

Essa coalização será competitiva se incluir o PMDB e outros partidos semelhantes. Duas condições fundamentais seriam agregadas pelos peemedebistas a um candidato nacionalmente conhecido e experiente, provavelmente o próprio Alckmin: tempo de TV e a maior estrutura municipal de partidos no Brasil, espalhada país afora.

O PSDB pode, todavia, atrapalhar as conversações. Os tucanos querem desconectar-se de Michel Temer, na ilusão de que o eleitor esquecerá que eles se aliaram ao presidente na articulação pelo impeachment de Dilma. E integraram seu governo logo no início.

Alckmin defendeu que PSDB feche questão na reforma da Previdência, mas parte dos tucanos já se disse contrário à medida. Se isso não for feito e os votos forem determinante para a rejeição do projeto, a atitude dificultaria a aliança. O PMDB apoiaria candidato comprometido em defender o que já se denominou “o legado de Temer”

Posições retrógradas chocam quem considera reformista o PSDB. De fato, o partido votou pela extinção do fator previdenciário e recentemente defendeu a manutenção de privilégios dos servidores públicos na reforma da Previdência. Causa espanto que o partido ignore informações críveis sobre a insustentabilidade dos atuais regimes previdenciários, sobre privilégios e sobre o risco, para o futuro, de rejeição da reforma.

Acontece que a fama de um partido reformista pode ser uma lenda. A modernização da era FHC decorreu da liderança do presidente, de sua aceitação da agenda de mudanças e da participação do grupo que ele reuniu para ajudá-lo na tarefa. Incluía nomes como os de Pedro Malan, Pedro Parente, Clóvis Carvalho, Martus Tavares, Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Gustavo Franco, Chico Lopes, José Roberto Mendonça de Barros e outros que compuseram a equipe econômica e os quadros da Casa Civil.

O PSDB mostrou, em diversos momentos, que não se sentia confortável com as privatizações, a abertura da economia e a política monetária. FHC, tido como neoliberal pelas esquerdas, foi “escondido” na campanha eleitoral de 2002.

Alckmin pode obter a plena adesão do partido às teses reformistas que expôs no discurso de sábado. Se fracassar, os tucanos contribuiriam para a fragmentação do centro, o que acarretaria o risco de eleição de um populista em 2018, que desandaria de vez o país.

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