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10 de jan de 2019 , 11h08

Posse de Maduro em Caracas: PT não perde a chance de errar

Gleisi Hoffmann (Cristiano Mariz/VEJA)

A presença de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, na posse de Nicolás Maduropara mais um mandato como presidente da Venezuela é um incrível erro estratégico do partido. A vitória eleitoral de Maduro se caracterizou por fraudes e bloqueio da participação eleitoral de candidatos da oposição. Seu mandato foi considerado ilegítimo por doze nações latino-americanas, inclusive o Brasil. Poucos países o reconhecem como legítimo: Cuba, Nicarágua, Rússia e China, entre outros poucos. Até aqui entre as nações democráticas, apenas o México e o Uruguai apoiam o novo chefe do governo venezuelano.

O PT admitiu a derrota para Jair Bolsonaro nas recentes eleições presidenciais. Seu candidato, Fernando Haddad, o cumprimentou após a vitória, reconhecendo sua legitimidade. Mesmo assim, o PT boicotou a posse de Bolsonaro no Congresso, um ato pouco civilizado nessas circunstâncias. Na democracia, em todo o mundo, está consagrada a cultura da tolerância. Os políticos têm adversários, não inimigos.

Participar da posse de Nicolás Maduro é uma decisão equivocada, que em nada ajuda o PT, a não ser os seus segmentos radicais. Gleisi Hoffmann propiciou, talvez sem o perceber, um mote para ataques ao partido em próximas eleições. Será fácil aos seus adversários mostrar as incongruências de uma agremiação que diz prezar a democracia e que reconheceu a legitimidade de um opositor, mas em seguida prestigia a posse de um líder autoritário, um ditador, que vem há anos levando o seu país à ruína.

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