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1 de dez de 2022 , 13h37

PIB do 3º tri evidencia desaceleração da economia

A redução do ritmo da agropecuária e da indústria de transformação e o desempenho menos favorável dos serviços explicam a queda do crescimento do PIB

Em termos dessazonalizados, o PIB do terceiro trimestre cresceu 0,4% em relação ao desempenho do trimestre imediatamente anterior. O crescimento em relação ao mesmo período de 2021 foi de 3,6%, mas deve continuar a perder ritmo no quatro trimestre e durante o exercício de 2023. Estimativas para o próximo ano apontam expansão em torno de apenas 1%.

A desaceleração do crescimento do PIB, de 1,2% no segundo trimestre para 0,4% no período sob análise, se explica basicamente pela queda do ritmo de expansão da indústria de transformação, que passou de 1,7% para 0,8% entre os dois trimestres, além de uma baixa de 0,9% na agropecuária. Dois fatores contribuíram para essa queda (1) a política monetária, cuja taxa Selic entrou definitivamente em território restritivo. O crédito mais caro reduziu o ritmo de expansão do consumo, particularmente de bens duráveis; (2) a perda da contribuição do estímulo ao consumo decorrente da antecipação, no segundo trimestre, do pagamento do 13º salário e de liberações do FGTS.

Os serviços também perderam ritmo no terceiro trimestre. Até então, a normalização dos serviços presenciais, que se haviam reduzido drasticamente durante os piores momentos da pandemia, havia propiciado forte recuperação desse segmento, que agora caminha para ter esgotada sua contribuição como fonte de expansão maior da economia. Por isso, sempre em termos dessazonalizados, os serviços exibiram um desempenho menos favorável, de 1,3% no segundo para 1,1% no terceiro trimestre.

Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 1%, impulsionado pela continuidade da recuperação dos serviços presenciais. Houve redução das despesas com saúde, por causa do arrefecimento da pandemia, e aumento de itens como os de educação, pelo mesmo motivo. A formação bruta de capital fixo se expandiu 2,8% no terceiro trimestre, ainda que tenha havido queda do consumo no segmento imobiliário e nos materiais de construção. O desempenho da formação bruta de capital foi influenciado pelo aumento das importações de máquinas e equipamentos.

O desempenho da economia em 2023 enfrentará os efeitos desfavoráveis da desaceleração da economia mundial, mas pode sofrer muito mais caso o novo governo não consiga enfrentar adequadamente o desafio da situação fiscal, incluindo a construção de uma âncora fiscal crível.

Por Maílson da Nóbrega 1 dez 2022, 11h40

 

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