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16 de maio de 2011 , 23h16

Palocci deve sobreviver à notícia da Folha sobre aumento de seu patrimônio

É pouco provável que o ministro Palocci perca o cargo por conta da reportagem da Folha de S. Paulo deste domingo, segundo a qual seu patrimônio aumentou 20 vezes entre 2006 e 2010, quando era deputado federal. Mais parece coisa de briga interna no PT do que um escândalo político fundamentado.

A matéria tem por base o contrato social e respectivas alterações da empresa de consultoria que ele fundou e da qual detém 99,9% do capital. Essa empresa registra dois imóveis em São Paulo, avaliados no total em mais de R$ 7 milhões. Palocci havia declarado, em 2006, patrimônio inferior a R$ 400 mil.

Acontece que Palocci fez tudo às claras. Registrou os imóveis na empresa, declarou seu patrimônio ao Imposto de Renda e informou os órgãos do governo, antes de assumir, que possuía a empresa. Às vésperas de assumir a Casa Civil, mudou o objeto social da consultoria, que passou a ser o da administração de seus dois imóveis. Evitava, assim, o conflito de interesse entre a atividade de consultoria econômica e o exercício do cargo.

Palocci é um sujeito experiente. Dificilmente cairia na bobeira de deixar tudo tão transparente se não tivesse seguro de que poderia provar a origem de seus ganhos. O noticiário destaca que ele se recusou a citar as empresas que seriam seus clientes. Embora isso possa ser visto com desconfiança, é assim que funciona. As empresas de consultoria não divulgam a lista de seus clientes, a menos que por eles autorizadas.

Em resumo, a menos que apareça algo realmente cabeludo, Palocci deve sobreviver à notícia. Fora o constrangimento natural em casos como esse, nada do que foi até agora divulgado é capaz de atingi-lo politicamente. Vale repetir, mas parece coisa de briga interna. Não é de hoje que facções internas do PT lutam para comer o fígado de seus adversários. E Palocci não é benquisto por algumas dessas facções.

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