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26 de maio de 2020 , 12h55

O desejo que Bolsonaro dificilmente verá cumprido

O presidente Jair Bolsonaro tem afirmado que espera entregar ao seu sucessor um país melhor do que o por ele recebido. É muito pouco provável que isso aconteça.

Segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, que reúne projeções de indicadores macroeconômicos realizadas por instituições financeiras e consultorias, o PIB pode cair 5,9% em 2020. Para os anos de 2021 e 2022, último ano do mandato de Bolsonaro, as estimativas são de expansão de 3,5% e 2,5%, respectivamente. Em 2019, a economia cresceu apenas 1,1%.

Tais projeções, se confirmadas, indicam que o PIB ao fim de 2022 seria praticamente igual ao de 2018. Tudo leva a crer, todavia, que os resultados serão ainda mais desfavoráveis. Isso porque as projeções de desempenho da economia têm sido revisadas para pior todas as semanas na pesquisa Focus. A razão disso tem sido o prolongamento da quarentena, que impacta negativamente a atividade econômica.

Estimativas mais recentes apontam para um resultado ainda mais negativo para 2020. Fala-se em queda de 7% a 10% do PIB. Uma instituição financeira projeta declínio de 11%. Se adotarmos uma redução de 8% e mantivermos as projeções da Focus para 2021 e 2022, o PIB do período de Bolsonaro seria 1,3% menor do que o de 2018.

Sob o prisma da renda per capita, será ainda maior a dificuldade de Bolsonaro ver seu desejo materializar-se. No seu período de governo, a população terá aumentado cerca de 3%. Nesse caso, a renda per capita teria caído no mandato do presidente.

Claro, tudo isso pode mudar se Bolsonaro vier a ser reeleito e conseguir aprovar um amplo conjunto de reformas estruturais. Neste caso, haveria ganhos expressivos de produtividade e do potencial de crescimento da economia. Ele deixaria o poder com a economia e a sociedade em situação melhor do que 2019. A ver.

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