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Mercado de trabalho: melhor agora e ainda mais no futuro

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada há pouco pelo IBGE indicou que a taxa de desemprego (ou de desocupação) ficou em 11% em de 2019. Apesar de elevado, o dado permite leitura otimista, seja em comparação com resultados recentes, seja em relação às expectativas. Assim, é possível esperar melhora nesse campo nos próximos anos, a menos que haja uma surpresa desfavorável nos mercados interno e internacional (por exemplo, os efeitos do Coronavírus na economia chinesa e na atividade econômica mundial).

Em dezembro, a população desempregada atingiu 11,6 milhões de pessoas, nível cada vez mais distante dos quase 13 milhões do auge da recessão provocada pelos equívocos de política econômica do governo Dilma. A massa salarial cresceu 2,5% acima da inflação em 2019, consequência da combinação de ganhos de salários reais (0,4%) e da elevação do número de pessoas ocupadas.

De acordo com a Pnad, houve acréscimo de 1,8 milhão de pessoas empregadas, das quais 720 mil no setor privado com carteira assinada e mais 800 mil por conta própria. Isso evidencia que os resultados do Caged — métrica que deriva de informações passadas pelas empresas — se assemelha aos da Pnad, que é realizada nos domicílios e que não tem preocupação com a formalização. Neste momento, as duas pesquisas se tornam mais comparáveis, ao contrário do que se pensava até agora.

O aumento do emprego tem duas explicações. A primeira delas advém da recuperação cíclica da economia, aquela que resulta da ocupação da capacidade ociosa, aumentando a demanda por trabalhadores. A segunda vem de uma mudança estrutural que se observa no mercado de trabalho, provocada pela reforma trabalhista.

De fato, é crescente o número de contratos de trabalho temporário, o que tem levado donas de casa e outros que têm disponibilidade de tempo a aceitar ofertas de emprego dessa natureza. Nesse sentido, é muito provável que tal mudança contribua para acelerar a taxa de ocupação nos próximos anos, à medida que amadurecem os efeitos da reforma.

Dois lados da pesquisa merecem registro. Primeiro, um dado preocupante: a taxa de desocupação da força de trabalho alcançou 24%. Essa massa é constituída das pessoas que não encontram emprego e das que trabalham menos do que gostariam. Segundo, a taxa de desemprego, a qual teria sido menor não fosse o aumento da população economicamente ativa, o que normal em processos de recuperação da atividade econômica. Isso resulta da percepção de melhora do mercado de trabalho, o que anima as pessoas a procurar emprego e, assim, a aumentar o contingente dos que querem trabalhar.

No balanço de todos esses números, o resultado da Pnad é muito positivo nas condições atuais da economia brasileira.

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