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5 de mar de 2018 , 16h39

Juros: Selic pode cair mais do que se previa

Todos os sinais são, pois, de que o Copom terá motivos para confirmar a ideia de que será possível reduzir a taxa Selic na próxima reunião (Ueslei Marcelino/Reuters)

Na reunião de fevereiro último, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) fixou a taxa básica anual de juros em 6,75%. A quase totalidade dos analistas prevê que essa taxa será a mesma até o final do ano, mas a ata da reunião deixou abertas as chances de uma nova queda.

A Selic atual já é a mais baixa desde sua instituição em 1979. Agora, podemos caminhar para um novo recorde histórico: 6,5%. De fato, muitos analistas já apostam em nova queda, baseando-se no comportamento recente da inflação, mais benigno do que se imaginava. Medida pelo IPCA, a inflação de janeiro foi 0,29%, inferior à expectativa de 0,35%.

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A inflação de serviços, a vilã nos últimos anos, arrefeceu. O preço de muitos serviços se estabilizou ou até caiu. O aluguel tende pelo menos à estabilidade, pois costuma ser reajustado pelo IGPM, que apresentou desinflação de 0,52% no passado.
Assim, as projeções de inflação para 2018 e 2019 estão sendo revistas para baixo. Já se aponta 3,8% para os dois anos. Será a primeira vez que teremos o índice abaixo de 4% por três anos consecutivos: 2017, 2018 e 2019.

Há muitas explicações para essa realidade. A primeira, praticamente unânime, é a credibilidade do Banco Central, restaurada após a instituição ter-se curvado a ordens de Dilma Rousseff para baixar a Selic na marra. A competente condução da política monetária tem muito a ver com o comportamento atual da inflação.

A inflação mais baixa reduz a inércia, isto é, o uso da inflação passada no reajuste de preços e salários. Há quem enxergue, como causa, o efeito de a contração maior do que se pensava na atividade econômica, o que limita o poder das empresas de transferir custos aos preços.

Todos os sinais são, pois, de que o Copom terá motivos para confirmar a ideia de que será possível reduzir a taxa Selic na próxima reunião. Caminhamos, desse modo, para os inéditos 6,5%.

Há três riscos para esse cenário: (1) uma crise internacional que provoque forte desvalorização cambial no Brasil, o que aumentaria a inflação; (2) a escolha de um candidato populista nas eleições deste ano, gerando fuga de capitais e desvalorização cambial: (3) um fracasso em reformar a Previdência, que causaria insolvência fiscal e um grave ciclo de inflação alta e fora do controle nos próximos anos. Nenhum desses três parece provável.

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