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Erros que provocaram as manifestações dos estudantes

Abraham Weintraun, ministro da Educação (Cristiano Mariz/VEJA)

O governo criou, desnecessariamente, o gatilho que disparou as manifestações dos estudantes em todo o país. Como se sabe, o movimento é um protesto pelos cortes de verbas para as universidades, anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Os cortes foram vistos como punição contra o que o ministro entendeu como “balbúrdia” nas universidades de Brasília, da Bahia e do Rio de Janeiro. Mesmo que ele tenha tentado minimizar o efeito negativo do anúncio, mediante extensão da medida a todas as universidades federais, ficou a impressão de que houve retaliação às três. Em casos como esse, o primeiro impacto é o que prevalece.

Outro erro foi a semântica utilizada para justificar a medida. Não adiantou dizer que se tratava de contingenciamento e não de cortes. A percepção correta dos estudantes é a de que vai ter menos dinheiro do que era previsto no Orçamento.

Associar o restabelecimento das dotações orçamentárias à reforma da Previdência foi igualmente equivocado. Qualquer um que estude minimamente o assunto verá que os efeitos da reforma se darão essencialmente a partir de 2020. Os cortes atingiram os orçamentos das universidades em 2019.

Habitualmente, cortes orçamentários são anunciados pela área econômica do governo, sem especificar os órgãos e programas atingidos. Os ministros setoriais não se metem nesse assunto, pois arriscarão assumir um desgaste que é do Ministério da Economia. Esse foi outro erro do ministro da Educação.

Ao chamar para si a responsabilidade pelos cortes e assumir a tarefa de anunciá-los, o ministro da Educação contribuiu decisivamente para estimular o movimento de protesto dos estudantes.

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