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3 de jan de 2011 , 00h06

Equipe de Dilma começa desafinada e no palanque

Duas declarações no entusiasmo da posse de novos ministros mostraram que o seu discurso ainda carece de afinamento e que os palanques, típicos da era Lula, continuam em funcionamento. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior declarou que Mantega, o da Fazenda, é quem coordena a equipe econômica. Se ele quis dizer, como parece, que isso inclui o Banco Central, estará externando um desejo indisfarçável de Mantega, mas incompatível com a autonomia operacional da instituição, assegurado pela nova presidente. Sua visão confirma a dualidade que vai continuar na equipe, com a Fazenda de um lado e o Banco Central de outro. Como para não haver dúvida, Pimentel disse que não fala de juros e câmbio, a seu ver responsabilidade da Fazenda. Pelo que se sabe, ministro da Fazenda não fala de juros. Taampouco deveria falar de câmbio.

Já a nova ministra do Planejamento, Miriam Belchior, recorreu a um mito da esquerda brasileira, o de que teria havido um desmonte do Estado. Disso foram acusados os ex-presidentes Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que longe de merecerem a pecha contribuíram na verdade para reduzir o tamanho do Estado e sua presença injustificável na produção de bens e serviços. A prova é que Lula não desfez nenhum dos supostos desmontes. Essa é uma das razões por que a esquerda condena a privatização e o governo Lula com ela fez coro, seja para se afastar de ideias de venda de estatais, por mais corretas que fossem, seja para evitar a concessão de estradas e outros serviços públicos à iniciativa privada. A ministra confundiu o aumento dos salários e do número de servidores públicos, promovido no governo Lula, como indicador de remonte do Estado. A ação está mais para desperdício, ainda que em muitos casos as contratações tenham sido justificadas.

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