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2 de jan de 2011 , 00h07

Dilma reconhece o passado

Os destaques do discurso de posse de Dilma foram tantos que não sobrou espaço para assinalar uma passagem relevante, a do seu reconhecimento de que existiu vida antes da chegada de Lula ao poder. Para ela, “um governo se alicerça no acúmulo de conquistas realidadas ao longo da história. Ele sempre será, ao seu tempo, mudança e continuidade. Por isso, ao saudar os extraordinários avanços recentes, é justo lembrar que muitos, a seu tempo e a seu modo, deram grandes contribuições às conquistas do Brasil de hoje”. Viva!

Assim, o “nunca antes na história deste país”, cede lugar a um novo discurso presidencial. Agora se reconhece que o Brasil não foi descoberto em 2003 nem deve suas conquistas exclusivamente a Lula. A desfaçatez é substituída pelo realismo.

A experiência dos últimos séculos mostrou que períodos de rápido crescimento devem muito a mudanças institucionais e à gestão de governos anteriores. Cabe a cada governante preservar as conquistas e promover novos avanços. Lula destoou duplamente desse padrão: nunca reconheceu o papel de seus antecessores na construção do Brasil de seu tempo e descuidou do plantio das sementes que deveriam frutificar na administração de seus sucessores.

Ao reconhecer o passado e sua contribuição para o presente, Dilma revela um estilo mais condizente com a seriedade e a liturgia do cargo. Vale comemorar.

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