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18 de mar de 2021 , 19h32

Copom oficializa pior da situação macroeconômica

A depreciação do real, que refletia a percepção de agravamento dos riscos fiscais e de instabilidades no front político motivaram elevação para 2,75%

O aumento da taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,75%, adotado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central no último dia 17/3/2021 e que pode ser repetido na próxima reunião, foi o primeiro ato oficial concreto, desde o último trimestre de 2020, a reconhecer a piora do ambiente macroeconômico.

Na verdade, a mudança se havia tornado visível na inflação – mais alta do que se previa – e na depreciação do real, que refletia a percepção de agravamento dos riscos fiscais e de instabilidades no front político. O Banco Central já havia começado a mudar o discurso, emitindo sinais de que, ao contrário do que previa, a alta de preços não se dissiparia na velocidade antes imaginada.

A elevação da taxa Selic contemplou um ajuste mais forte do que a esperada pela maioria dos participantes do mercado, que apostavam em uma alta de 0,50 ponto percentual. Mesmo assim, a decisão é compatível com a rápida deterioração do quadro inflacionário. A expectativa de mercado para o IPCA de 2021 havia subido para 4,6% na última pesquisa Focus, enquanto o cenário básico do Banco Central estimava elevação para 5,0%. Ambos estão bem acima da meta para a inflação do ano (3,75%).

O ajuste mais intenso tem por objetivo conter o atual processo de deterioração das expectativas de mercado e das próprias projeções de inflação do BC. Além da tentativa de evitar uma piora adicional das projeções para 2021, o objetivo será impedir o contágio para 2022, cuja mediana e projeção do BC estão alinhadas à meta de 3,50% do próximo ano.

O Copom mencionou o “ajuste mais célere” como estratégia para cumprir a meta em 2022. Além do choque promovido pela reação em si, o movimento deve contribuir para fornecer suporte ao câmbio, um importante canal de transmissão da política monetária. A valorização da taxa de câmbio ao longo do dia de hoje, ainda que leve, é sinal de que o mercado recebeu bem a decisão.

Tudo deve contribuir para evitar o surgimento de visões mais agressivas para os próximos passos da política monetária. Nesse sentido, espera-se que o Copom, além da já sugerida nova elevação de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, realize mais duas ou três mudanças. A normalização da política monetária deve encerrar-se por volta de setembro, quando a Selic se estabilizará em 4,5% até o fim do ano.

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