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2 de jan de 2019 , 14h16

Bolsonaro se propõe a combater um fantasma

O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro cumprimenta deputados no Congresso antes de tomar posse como novo presidente do Brasil, em Brasília - 01/01/2018 (Nelson Almeida/AFP)

Em seu discurso de posse no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro assinalou que, nesse dia, “o povo começou a se libertar do socialismo”. Ainda presidente eleito, em visita a uma unidade da Marinha, ele realçou a missão das Forças Armadas como barreira ao socialismo.

Se Bolsonaro considerar socialismo como sinônimo de comunismo, ele continua assustado com um fantasma que praticamente foi varrido da face da Terra. O comunismo soviético morreu em 1991 com a extinção da União Soviética. O comunismo chinês existe apenas no papel, pois o país tem enriquecido nos últimos quarenta anos pela prática crescente do capitalismo. O comunismo sobrevive apenas em Cuba e na Coreia do Norte, os quais estão longe de constituir uma ameaça ao Brasil.

Se o presidente se refere ao socialismo que sobrevive nas denominações de partidos nos países nórdicos, na França e na Alemanha, entre outras áreas da Europa, estará cometendo um engano crasso. O socialismo desses países está representado, na verdade, por partidos políticos que praticam a social-democracia, a qual nada tem a ver com o controle dos meios de produção pelo Estado, como era o caso do comunismo. Esses países não adotam, portanto, o “socialismo real”, a denominação que Joseph Stalin atribuía ao comunismo soviético.

O presidente parece ter esquecido que partidos brasileiros incluem o socialismo em suas denominações. São os casos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Nenhum dos dois inclui em seus estatutos ou em suas plataformas eleitorais propostas de estabelecer o controle dos meios de produção pelo Estado. Não são, pois, candidatos a se tornarem comunistas.

Talvez o presidente se referia aos tempos do PT. Os petistas podem ter cometido erros graves na gestão da economia, particularmente no segundo mandato de Lula e no período de Dilma Rousseff. Mas nunca deram sinais de que gostariam de implantar o comunismo no Brasil.

O presidente faria melhor se abandonasse o discurso de campanha, se livrasse de fantasmas e se dedicasse, como prometeu, à realização das reformas estruturais, entre elas a da Previdência, sem a qual suas promessas de emprego e prosperidade não passarão de retórica.

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