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9 de nov de 2018 , 16h57

Bolsonaro e equipe: é hora de pensar antes de falar

É impressionante o rosário de declarações desencontradas, descabidas e desconcertantes do presidente eleito e de seus assessores mais próximos. O próprio Bolsonaro faz afirmações que refletem visões pessoais, sem a devida ponderação de suas consequências na opinião pública. A lista é imensa: fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, transferência da embaixada brasileira para Jerusalém, afirmações desnecessárias sobre o nosso relacionamento com a China e assim por diante.

Bolsonaro corre o risco de ser visto como desinformado em questões triviais, o que que não é bom para sua imagem. Foi o caso do questionamento sobre a metodologia do índice de desemprego do IBGE. Se ele tivesse buscado o mínimo de informação sobre o assunto não teria dito a tolice. Descobriria que o IBGE goza de elevada reputação técnica e que a qualidade de seus trabalhos é comparável à de seus congêneres nos países ricos.

Seu futuro ministro da Economia fala como se ainda estivesse emitindo análises na sua empresa ou dissertando como simples economista. Defendeu um estranho voto de bancada para aprovação de reformas e mandou que se desse “uma prensa” no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. E por aí afora. Um economista de seu grupo tem defendido a inaceitável ideia de uma CPMF para substituir contribuições previdenciárias.

Fica a impressão, para surpresa de muitos, que Bolsonaro é o membro mais equilibrado e sensato da futura equipe de governo. Mesmo quando defende ideias inconvenientes ou insensatas, tem tido a modéstia de recuar e abraçar opiniões de outras pessoas.

O destaque da equipe é o juiz Sergio Moro. Sua entrevista coletiva foi um primor de equilíbrio, paciência e capacidade de dar respostas claras e simples sobre temas complexos. Preparou-se para a entrevista. Usou um texto escrito para orientar suas declarações. O domínio dos temas foi o elemento chave para o sucesso.

Os demais membros da equipe poderiam seguir o exemplo de Sergio Moro, pois deles se espera que pensem antes de falar. Se não houver tempo para pensar ou se não dispuserem de informações para atender as perguntas, é melhor munir-se de uma frase para negar-se a responder. Os jornalistas vão entender.

Paulo Guedes, neófito na seara do governo e na política, precisa mais ainda de adaptar-se. Ele está aprendendo e tem mais umas sete semanas antes de assumir o cargo, suficientes para amoldar-se a uma realidade distinta da que conhece no setor privado. Uma das lições é não conceder entrevistas em pé na porta de entrada do ministério, cercado de repórteres, microfones e refletores. O risco de dizer algo inconveniente é muito alto. As entrevistas do ministro da Fazenda precisam, sempre que possível, ter o mínimo de organização e ambiente apropriado. Elas podem impactar negativamente os mercados, a opinião pública, o Congresso e o próprio governo. Preparo e cautela são essenciais.

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