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6 de jul de 2020 , 14h35

A teoria da conspiração da ministra da Agricultura

A competente ministra da Agricultura, Tereza Cristina, concedeu esclarecedora entrevista ao serviço Broadcast da Agência Estado, a qual foi publicada na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo. A ministra demonstrou profundo conhecimento dos assuntos da pasta, evidenciou a bem-sucedida estratégia de relacionamento comercial com os principais parceiros do agronegócio e mostrou por que que o setor não tem interesse em desmatar a Amazônia: a área é inviável para a exploração agropecuária.

A ministra escorregou, todavia, quando reagiu à pergunta sobre a crítica feita por fundos de investimento estrangeiros à maneira com que o governo administra a área do meio-ambiente. Esses fundos demandam o fim à devastação da Amazônia, onde o desmatamento só tem aumentado no atual governo. Prometem deixar de investir no Brasil caso não haja providências efetivas a esse respeito.

  1. Exa. enxergou razões políticas na crítica. Para ela, “às vezes, existem outros interesses comerciais, que não são algo pontual e ligado só ao meio-ambiente. Por que só o Brasil? Essa é a pergunta que a gente tem de fazer. Eu não tenho mais idade para acreditar em Papai Noel. Então, o que vejo é que existe uma desinformação, às vezes, sobre algumas coisas”, assinalou.

Na verdade, esses fundos lidam com recursos de pessoas físicas e jurídicas que a eles os entregam para a gestão financeira. É crescente a preocupação desses investidores sobre o destino da aplicação de seus recursos. As empresas que recebem suas poupanças precisam seguir regras de desempenho resumidas na sigla ESG, que significa “environment, social and governance” (meio-ambiente, social e governança). Caso os fundos sejam negligentes na adoção desses critérios, correm o risco de perder seus clientes.

Assim, ao contrário do que têm dito o governo e alguns comentaristas, não existe desinformação nem interesses políticos na forma pela qual esses investidores desejam que seus recursos sejam investidos. Mesmo quando se trata de fundos de pensão de servidores públicos e fundos soberanos, seus respectivos gestores não sofrem influência de governos. Além do mais, trata-se de pessoas e entidades muito bem informadas sobre o que se passa na gestão do meio-ambiente no Brasil. Todos podem acessar dados de satélite que evidenciam a ampliação do desmatamento na Amazônia.

O governo faria melhor se, além de prestar os esclarecimentos que o caso requer, adotasse, ações efetivas capazes de apoiar a visão da ministra Tereza Cristina. Ela se declara “defensora intransigente de se zerar o desmatamento ilegal e da aplicação do nosso Código Florestal”. É isso aí.

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